Períodos de cheias e secas frequentes no Brasil (1940-2020)

Código

IV-END0055

Autores

Vinícius Bogo Portal Chagas, Pedro Luiz Borges Chaffe, Günter Blöschl

Tema

02 - Mudanças Climáticas e Desastres

Resumo

Extremos hidrológicos possuem ciclicidades e variações decenais persistentes. Porém, é incerto se essas variações são comumente observadas para as cheias e secas em períodos de cerca de um século. Neste trabalho, é quantificada a ocorrência de períodos de cheias e secas frequentes no Brasil entre 1940 e 2020. São analisados dados de 319 estações fluviométricas e 312 estações pluviométricas. Períodos com significativo agrupamento temporal das cheias e secas são detectadas ao verificar se seguem a premissa de dados independentes e identicamente distribuídos segundo um processo de Bernoulli e a distribuição binomial. Resultados mostram que os extremos hidrológicos no Brasil comumente se agrupam em período de cheias e secas frequentes, sendo observado em 61% das bacias hidrográficas para as secas (11,5 vezes acima do erro Tipo I) e 28% para as cheias (5,2 vezes acima do erro Tipo I). A maior parte (72%) das séries de vazão não cumprem a premissa de dados independentes e identicamente distribuídos comumente usada em hidrologia estatística. De forma geral, houve três grandes ciclos no Brasil: predominância de secas associadas com anomalias de chuva nas até 1970; predominâncias de cheias associadas com anomalias de chuva nas décadas de 1970 até 2000; e outro período de secas iniciando na década de 2000 até o fim da série, que não pode ser explicado apenas por anomalias na chuva. As conclusões neste trabalho ressaltam que estudos sobre mudanças hidrometeorológicas devem ir além da análise de tendências lineares, a fim de não subestimar as mudanças detectadas.